- Tendência Inclusiva
IDENTIFICAÇÃO, PRA QUÊ?
Imagine que você é um adulto com autismo que, às vezes, tem dificuldade em se comunicar e é sensível as luzes piscando e ruídos altos. Imagine que você é abordado por um policial que não tem conhecimento de sua deficiência e que, observando suas reações à sirene e luzes piscando, pensa equivocadamente que você está sob efeito de drogas ou álcool.
Imagine agora que você é um adolescente com autismo, à espera de alguém em um shopping. Você anda de uma lado para outro seguindo um ritmo. Um gerente de loja vê você andando dessa forma e conclui que você oferece algum perigo e chama de segurança. Eles não entendem que o ritmo é exatamente o que você faz quando está entediado ou estressado, e eles querem que você vá embora imediatamente.
Imagine que você é mãe de uma criança autista, e que precisa ir a um banco pagar umas contas. E hoje particularmente esse banco está muito cheio. Você se dirige então para a fila "preferencial" e logo sua atenção é chamada pelo segurança que vem te advertir. Isso quando não ouve de outros usuários o quanto é "folgada".
Essas e outras situações poderiam ser resolvidas de uma maneira simples: o uso de um cartão de identificação que informe a condição de autista.
O autista, de acordo com a lei 12462/2012 é pessoa com deficiência. Isso o faz sujeito de alguns direitos específicos.
No entanto , há grandes dificuldades na identificação desse sujeito. O autismo não tem "cara". Diferentemente de outras deficiências, o Autista não tem características físicas que o distinguam.
O TEA - Transtorno do Espectro do Autismo, como o próprio nome leva a crer, condição do desenvolvimento neurológicos, caracterizados por alterações comportamentais que gera prejuízos significativos na comunicação.
Muitas vezes essas dificuldades são interpretadas como falta de limites, recusa de cooperação e às vezes resulta em uma agitação de difícil controle.
A sugestão para amenizar essa falta de comunicação e ainda favorecer a prestabilidade dos direitos, seria, justamente, o porte desse cartão.
O Cartão de Identificação do Autista permitiria que sua condição fosse melhor explicada em casos de emergência, como aqueles que citamos acima. Para ser realmente eficaz seria interessante trazer informações sobre o que levaria essa pessoa a entrar em crise: "Por favor, não suporto que me toquem e nem que gritem comigo", além de informações como contatos para casos de emergência.
Alguns lugares no Brasil e no mundo já adotaram essa prática.
Deixamos aqui o exemplo da Irlanda que tem divulgado com alegria seus resultados.

A AsaTea - MG e a Tendência Inclusiva se juntam para a realização, em breve, deste projeto!

Cynthia Prata Abi-Habib é formada em Direito, Pós Graduada em Direito Educacional. Mãe de autista de alto funcionamento é membro e uma das fundadoras da AsaTea - MG (Associação da Síndrome de Asperger no Transtorno do Espectro do Autismo de Minas Gerais) e luta pela inclusão do jovem autista de alto funcionamento no ensino superior/profissionalizante e no mercado de trabalho através de ações de conscientização e eventos.
https://www.facebook.com/Asa-Tea-MG-Associacao-da-Sindrome-de-Asperger